sexta-feira, 23 de março de 2012

Passarinho que sou...

Não tenho mais duvidas: Cresci. Aquele papo de que “mas ainda tenho 19 anos” não cabe mais nesse pequeno dicionário da minha vida. E é esse crescer, envolvente da forma mais bruta e bela, esse desenvolver-se que me guia não sei por onde até o incerto algo do existir que me é dado como prêmio.

O que é crescimento? Indiferente de todos os mitos da humanidade injusta, crua e indefinida, é nada mais que a assustadora necessidade de uma surra materna, uma brincadeira de cócegas feita por um pai ou o escutar de um choramingo profundamente melancólico daquela que já viveu tudo o que tinha para viver, mas ainda assim permaneceu vivendo/choramingando por um bom tempo (talvez só para deixar essa cicatriz adoravelmente necessária). Vontade tremenda de voltar no tempo... Ou até mesmo de nunca existir.

Toda essa evolução não passa de mais uma página, dentre inúmeras, talvez infinitas anotações futuras de um saber completo de tudo. Algumas ocasiões deixam a certeza da insanidade, outras da intelectualidade. Somente o existir permite tais incertezas provando o valor do ser, ainda que caótico, mas presente. Sei do que é efêmero. A vida é efêmera.

Tento visualizar do ponto de vista externo esse voar sem objetivos, a indefinida migração dos pássaros em busca de um alimento que abasteça a coragem para continuar voando. Vejo o vazio, aterrorizada, mas conhecendo o numero de paginas que já li permaneço sem desviar os olhos medrosos desse nada. E o nada é tentador.

Sou absolutamente compelida a seguir nesse céu, horas verde azulado horas amarelo avermelhado. Tecendo contornos coloridos com asas que perdem a cada dia uma pena. Pintando fios de uma teia obstruída de misteriosas verdades improváveis. Simplesmente sendo/estando, aqui/agora.

E quando uma ave de passagem pela trilha do meu céu perguntar se vale a pena, eu não saberei responder; mas por algum motivo desconhecido, alguma força da tentação condutora desse nada, irei dar-te um abraço, animador ou não, e dizer: Voe!




Jenyffer Lisboa
14/03/2012 – 04:14

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